quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Você chegou para nos trazer alegria. A principio chegamos a pensar que não tinha gostado de nós duas, ficou na sua, quieto, inseguro...
Porém quando percebeu que irradiavamos amor, carinho e cumplicidade, nos abraçou!!!
Obrigada querido amigo fiel por estar aqui.
Meu companheirinho querido, acorda todos os dias comigo ao despertar do relógio, parceiro na primeira caminhada do dia.
Me presenteia com seu ursinho ou sua bolinha todas as vezes que quer fazer xixi ou coco, com uma educação só sua.
Não trocamos o seu nome não, demos a você um novo nome, MIGUEL, MIGUELITO, arcanjo.
Obrigada por aguentar meus lamentos, minhas chorumelas, falo tanto né???
Obrigada por cuidar de Maria, todas as manhãs para que eu possa trabalhar tranquila.
Obrigada por tudo meu amigo.
Amo você

Você chegou!!!!

12 coisinhas para te fazer FELIZ

Acordar as oito comer biscoito.Levantar de pé e tomar café.
Tomar sorvete no tapete.Assistir domingão do Faustão comendo macarrão na casa do João.Jogar bola tomando coca-cola.Cheirando a flor com muito amor.
Ir na procinha sozinha.Deitar na cama de pijama.
Pisar descalça no chão no verãoTenho um amigo muito preguiçoso mai...s é muito amoroso.Vejo uma estrela brilhar e sinto cheiro de perfume no ar.

Maria Clara

quarta-feira, 21 de julho de 2010



Desejamos do fundo do nosso coração, que possamos dar a voce todo o amor do mundo.
Aqui, na nossa simplicidade, somos muito felizes, eu e sua irmãzinha Maria Clara.
Voce ganhará um Parque lindo, cheio de árvores, e buscará Maria todos os dias na escola, como um bom irmão faz.
Não te faltará alimento, nem um pouco de carinho,acabou de ganhar duas beijoqueiras que estão loucas para te agarrar, ai meu Deus, quero só ver.
Hoje já conversamos com a Dona do Pet para escolher sua cama, seus potes, enfim, preparar seu NOVO LAR AMADO.
Nosso coração está aberto com muitooooo AMOR POR VOCE.
Chegue logo nosso querido, venha ser Botucudo junto com nós.
Esperamos que goste da homenagem

Com amor da Mãezinha Carminha e Maninha Maricota


Como te conhecemos meu amigo!!

Olá. Eu sou o Brigadeiro. Eu fui jogado na via Dutra de dentro de um carro e fiquei muito assustado. Felizmente, uma pessoa viu e me resgatou pois ali não teria chance. Fui castrado, vacinado e vermifuado e estou ótimo. Adoro roupas e ração e, como todo labrador, sou muito dócil.

Tudo começou assim, li sobre você, olhei os teus olhos caramelos, e senti que estava me olhando bem fundo, o amor nasceu nesse instante dentro de meu coração.
E assim, comecei a me comunicar com sua madrinha Sandra, torcendo para ser aprovada e te-lo comigo e Maria Clara.

Brigadeiro nosso amor



Brigadeiro quando chegar vou te contar tudo que imaginei.
Vou passear,te dar banho,carinho!!!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pequeno Oratório de Santa Clara

Cecília Meirelles

SERENATA
UMA VOZ CANTAVA ao longe
entre o luar e as pedras.
E nos palácios fechados,
entregues às sentinelas,
- exaustas de tantas mortes,
de tantas guerras! -
estremeciam os sonhos
no coração das donzelas.
Ah! Que estranha serenata,
eco de invisíveis festas!
A quem se dirigiriam
palavras de amor tão belas,
tão ditosas
(de que divinos poetas?)
como as que andavam lá fora,
pelas ruas e vielas,
diáfanas, à lua,
graves, nas pedras...?

CONVITE
FECHAI OS OLHOS, donzelas,
sobre a estranha serenata!
Não é por vós que suspira,
enamorada...
Fala com Dona Pobreza,
o homem que na noite passa.
Por ela se transfigura,
- que é a sua Amada!
Por ela esquece o que tinha:
prestígio, família, casa...
Fechai os olhos, donzelas!
(Mas, se sentis perturbada
pela grande voz de noite
a solidão da alma,
- abandonai o que tendes,
e segui também sem nada
essa flor de juventude
que canta e passa)

ECO
CANTADA AO LONGE Francisco
jogral de Deus deslumbrado.
Quem se mirara em seus olhos,
seguira atrás de seu passo!
(Um filho de mercadores
pode ser mais que um figaldo,
Se Deus o espera
com seu comovido abraço...)
Ah! Que celeste destino,
Ser pobre e andar a seu lado!
Só de perfeita alegria
Levar repleto o regaço!
Beijar leprosos,
sem se sentir enojado!
Converter homens e bichos!
Falar com os anjos do espaço!
(Ah! Quem fora a sombra, ao menos,
desse jogral deslumbrado!)

CLARA
VOZ LUMINOSA da noite,
feliz de quem te entendia!
(Num palácio mui guardado,
levantou-se uma menina:
já não pode ser quem era,
tão bem guarnida,
com seus vestidos bordados,
de veludo e musselina;
já não quer saber de noivos:
outra é a sua vida.
Fecha as portas, desce a treva,
que com seu nome ilumina
Que são lágrimas?
Pelo silêncio caminha...)
Um vasto campo deserto,
a larga estrada divina!
Ah! Feliz itinerário!
Sobrenatural partida!

FUGA
ESCUTAI, nobres figalgos:
a menina que criates
é uma vaga sombra
fora de vossa vontade
livre de enganos
e traves.
É uma estrela que procura
outra vez a Eternidade!
Despida de suas jóias
e de seus faustosos trajes,
inclina a cabeça
com terna humildade.
Cortam-lhe as tranças:
ramo de luz nos altares.
Mais clara do que seu nome,
no fogo da Caridade,
queima o que fora e tivera:
- ultrapassa a que criates!

PERSEGUIÇÃO
JÁ PARTIRAM cavaleiros
no encalço da fugitiva.
- Não rireis, ó mercadores,
não rireis da fidalguia!
Iremos buscá-la à força,
morta ou viva!
(Dão de esporas aos cavalos,
entre injúria e zombaria,
com os olhos acesos de ira.
- Não leveis a mão à espada!
Grande pecado seria!)
E vem a monja.
Só de renúncias vestida!
Ah! Clara, se não falasses,
Quem te reconheceria?
Para onde vais tão sem nada,
Nessa alegria?

VOLTA
VOLTARAM os cavaleiros
com grande espanto na cara.
Palácios tristes...
Inútil espada...
Que grandes paixões ocultas
nas altas muralhas!
Pasmado, o povo contempla
aquela chegada...
(Longe ficara a menina
que servir a Deus sonhara,
de glórias vãs esquecida,
da família separada.
Força nenhuma
a seus votos se arrancara.
Aos pés de Cristo caía:
não desejava mais nada.)
Olhavam-se os mercadores,
com grande espanto na cara.

VIDA
DO PANO mais velho usava.
Do pão mais velho comia.
Num leito de vides secas,
e de cilícios vestida,
em travesseiro de pedra,
seu curto sono dormia.
Cada vez mais pobre
tinha de ser sua vida,
entre orações e trabalhos
e milagres que fazia,
a salvar a humanidade
dolorida.
Mãos no altar, a acender luzes,
pés na pedra fria.
Humilde, entre as companheiras;
diante do mal, destemida,
Irmã Clara, em seu mosteiro,
tênue vivia.

MILAGRES
UM DIA veio o Anticristo,
com seus cavalos acesos.
Flechas agudas,
na aljava de cada arqueiro.
Vêm matar e arrasar tudo,
com duros engenhos.
“Irmã Clara, vede, há escadas
sobre o muro do mosteiro!
Soldados de ferro!
Negros sarracenos!”
(Tomou da Hóstia consagrada,
rosto de Deus verdadeiro,
- levantou-a no alto
do parapeito...)
E, na cidade assaltada,
Não se viu mais um guerreiro:
ou fugiram a cavalo
ou caíram de joelhos.

FIM
JÁ QUARENTA ANOS passaram:
é uma velhinha, a menina
que, por amor à pobreza,
se despojou do que tinha,
fez-se monja,
E foi com tanta alegria
servir a Deus nos altares,
E, entre luz e ladainha,
Rogar pelos pecadores
em agonia.
Já passaram quarenta anos:
e hoje a morte se avizinha.
(tão doente, o corpo!
A alma, tão festiva!
Os grandes olhos abertos
uma lágrima sustinham:
não se perdesse no mundo
o seu sonho de menina!)

VOZ
E A NOITE INTEIRA, baixinho
murmurara:
“Levas bom guia contigo,
Não te arreceies de nada:
guarde-te o Senhor nos braços,
- e em seus braços estás salva!
Bendito e louvado seja
Deus, por quem foste criada!...”
E nesse falar, morria
Irmã Clara,
Tão feliz de ter vivido,
tão de amor transfigurada,
que era a morte no seu rosto
como a estrela dalva.
(“Com quem falais tão baixinho,
Bem-aventurada?”
“Com minha alma estou falando...”)
Ah! Com sua alma falava...

LUZ
POR UM SANTO que encontra,
há tanto tempo,
alegremente deixara
o mundo, de estranho enredo,
Para viver pobrezinha,
No maior contentamento,
longe de maldades,
Livre de rancor e medo,
A vencer pecados,
A servir enfermos...
Já está morta. E é tão ditosa
como quem sai de um degredo.
O Papa Inocêncio IV
põe-lhe o seu anel no dedo.
Cardeais, abades, bispos
Fazem o mesmo.
(Mais que as grandes jóias, brilha
seu nome, no tempo!)

GLÓRIA
JÁ SEUS OLHOS se fecharam.
E agora rezam-lhe ofícios.
(Tecem-lhe os anjos grinaldas,
No divino Paraíso.
“Pomba argêntea!” – cantam.
“Estrela claríssima!”)
- Irmã Clara, humilde foste,
Muito além do que é preciso!...
- O Caminho me ensinaste:
o que fiz, foi vir contigo...
(Assim conversam, gloriosos,
Santa Clara e São Francisco.
Cantam os anjos alegres:
Vede o seu sorriso!)
Que assim partem deste mundo
os santos, com seus serviços.
Entre os humanos tormentos,
são exemplo e aviso,
Pois estamos tão cercados
De ciladas e inimigos!
“Santa! Santa! Santa Clara!”
os anjos cantam.
( E aqui com Deus, finalizo)

“Pequeno Oratório de Santa Clara”, Cecília Meirelles. Obra Poética, Rio de Janeiro. Companhia José Aguiar Editora. 1967 2ª ed., p623-631.


Escreverás meu nome com todas as letras,

Com todas as datas

- e não serei eu.



Repetirás o que me ouviste,

O que leste de mim, e mostrarás meu retrato

- e nada disso serei eu.



(...)



Somos uma difícil unidade

De muitos instantes mínimos

- isso seria eu.



Mil fragmentos somos, em jogo misterioso,

Aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente

- Como me poderão encontrar?



Novos e antigos todos os dias,

Transparentes e opacos, segundo o giro da luz

- nós mesmos nos procuramos.



E por entre as circunstâncias fluímos,

Leves e livres como a cascata pelas pedras.

- Que metal nos poderia prender?

Cecilia Meirelis

domingo, 18 de abril de 2010

Bailarina - escrito por Maria Clara

Gira bailarina, dança bailarina, canta bailarina, faz tudo que você quiser.
Linda bailarina, dança sem parar, linda como sempre, e bela como todos.
Canta, dança, gira se estica e aprende e toma leite muito quente no café.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A cachorrinha....Uma homenagem para Brida






Mas que amor de cachorrinha!

Mas que amor de cachorrinha!



Pode haver coisa no mundo

Mais branca, mais bonitinha

Do que a tua barriguinha

Crivada de mamiquinha?

Pode haver coisa no mundo

Mais travessa, mais tontinha

Que esse amor de cachorrinha

Quando vem fazer festinha

Remexendo a traseirinha?

Amor e Medo




Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"



Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...



Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.



O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair cias tardes,
Eu me estremece de cruéis receios.



É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!



Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia:
Diz: — que seria da plantinha humilde,
Que à sombra dela tão feliz crescia?



A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho
E a pobre nunca reviver pudera.
Chovesse embora paternal orvalho!



Ai! se te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...



Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!...



Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...



Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!



No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!



Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.



Depois... desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...



Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...

Casimiro de Abreu

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um pouco de Érico.....



Para um grande amigo de Maria Clara um pedacinho nesse blog

Erico Verissimo


“Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de sentimentos, um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra
mais tarde, quase sempre penso ‘Não era bem isto o que queria dizer’.”
(O escritor diante do espelho)


Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.

Gota de orvalho
na coroa dum lírio:
Jóia do tempo.

O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe . São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...

A gente foge da solidão quando tem medo dos próprios pensamentos.

A vida começa todos os dias.

Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.

Para Érico "A falta de Erico Verissimo"


Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.

Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.

Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.

Falta um solo de clarineta.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Lembranças de uma Rua


Nunca mais ouvi
vozes de crianças
vozes de meninos e meninas
cantarolando
cantigas de roda.
Na Rua da Bananeira
as mulheres,
as mulheres não conversam
nas portas das casas
nem crianças
contam estórias nas calçadas,
a rua esvaziou-se
e todos viraram PLIMPLIM

por Maria do Socorro

Momento da Poesia

Preciso estar ao meu redor
depois dentro de mim
no fundo
mais profundo
como se fosse o ato
do parto
o momento de parir

por Maria do Socorro Figueredo

Sô, obrigada pelo carinho com minha filha Maria Clara

Dona de casa "minha predileta"


Que vontade louca
de devorar o jornal
mas as louças na pia
as roupas no tanque
devoram meu tempo

por Maria do Socorro Figueredo

Narinha

Menina que veio do Ribeira,
com esses olhos redondos
espias pela fresta da vida
o mundo,
mas não entendes nada
tudo
é confuso
ainda,
depois
será muito mais
muito mais menina

por Maria do Socorro Figueredo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A PIPA E O VENTO


(Cleonice Rainho)

Aprumo a máquina,
dou linha à pipa
e ela sobe alto
pela força do vento.
O vento é feliz
porque leva a pipa,
a pipa é feliz
porque tem o vento.
Se tudo correr bem,
pipa e vento,
num lindo momento,
vão chegar ao céu.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Patinha Esmeralda


Meu nome é Esmeralda.

Antes de nascer, eu era assim, um ovo!

Depois de um tempo, quebrei a casca e saí de dentro e agora sou uma patinha.

Aí, eu vi que tinha muitos irmãos patinhos. E todos eles gostam de banho de sol pela manhã. Eu também!

Então, eu fico com muita sede.Mas sou desastrada e muitas vezes caio na tigela ao tomar água.

Os patos gostam de se refrescar nadando no lago. É uma aventura muito divertida.

Certa vez, um ganso correu atrás de mim. Acho que os gansos não gostam de patinhos como eu.

Os patos adultos comem milho. Mas eu sou pequena, por isso, como farelo de fubá com água para não engasgar.

No final da tarde, mamãe pata fica contente ao ver seus filhotes em fila atrás dela, voltando para casa.

A Batalha na Neve


Os coelhinhos gostam de ir ao jardim de infância,todo dia.Também com neve e gelo,pois movimentam-se e o frio então passa.

À noite nevou e de manhã tudo está coberto com uma grossa camada de neve.

Os coelhinhos correm para fora.De tanta alegria alguns fazem cambalhotas na neve.O que o Puque está querendo ?

Ele faz bolas de neve e as joga nos outros.Logo os outros jogam de volta e já começa a maior batalha de bolas de neve.

O Vento e o Sol


Contos que Maria Clara escolheu para o blog



O vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte.
De repente, viram um viajante que vinha caminhando.
- Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante tirar o casaco, será o mais forte. Você começa!- propôs o sol, retirando-se para trás de uma nuvem.
O vento começou a soprar com toda a força. Quanto mais soprava, mais o homem ajustava o casaco ao corpo. Desesperado, então o vento retirou-se.
O sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o homem, que logo sentiu calor e despiu o paletó.

O ELEFANTE E O URUBU - 17/10/2009- escrito por Maria Clara

O elefante era muito gordo e o urubu muito magro.
Certo dia o urubu falou para o elefante:
-Vá à academia dos animais assim vai emagrecer!
No dia seguinte o elefante foi na academia e fez exercícios demais e ficou magrinho e o elefante foi contar ao urubu que estava magro e percebeu que o urubu estava gordo e perguntou
-Como engordou?
O urubu disse:
-Vi mais que 10 barras de chocolate e não resisti!
Depois dessa conversa o urubu foi na academia e o elefante foi comer.
Então o urubu e o elefante aprenderam a lição cada um é do seu jeito.

“A poesia sensibiliza qualquer ser humano. É a fala da alma, do sentimento. E precisa ser cultivada.” Afonso Romano de Sant’Anna

"O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."

Escola Pequeno Príncipe & Colégio Exupéry
Considero a escola de minha filha muito especial por esse motivo, sempre estimulou a leitura da poesia, e as crianças desde os 4 anos começaram a declamar na escola e em casa para pais e amigos, minha filha passou a ter desenvoltura e atenção aprendendo através das poesias. Fala em público com facilidade e estuda apenas lendo, aprendendo e não decorando.

Como já postei, Maria Clara com 4 anos declamou As borboletas de Vinicius de Moraes, uma poesia pequenina, porém, para uma criança de 4 anos foi emocionante. Em seguida me recordo quando declamou Casimiro de Abreu com segurança,já com 6 anos, e em breve já começou escrever seus próprios contos.
Esse blog está sendo escrito para que ela recorde e valorize suas conquistas e continue assim dedicada e apaixonada pelas poesias, músicas, contos, histórias, enfim essa mágica que vem de dentro da fantasia dos seres humanos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


Procurei um poema, para ti filha,
vasculhei tudo, tudo, na memória
- esforcei-me e desisti.

Nenhum
diz o teu sorriso
ou as tuas mãos no meu pescoço,
o teu olhar, a tua doçura.

Não há poema que te sirva,
que te diga
mesmo quando fazes birra e choramingas.
Não existem palavras
que falem do amor
e das cerejas ainda flor
ou o carinho que contigo conheci.

Não há poema que te desenhe,
minha filha pequenina,
papoila, menina ou borboleta,
andorinha e feiticeira.

Você É Linda



Uma das suas músicas prediletas, cantamos uma para outra......

Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás

Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer

Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal

Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz

Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso

Maria, Maria


De onde veio meu nome?Uma pergunta sempre presente na infância.
Clara veio de uma cachoeira em Maringá, divisa do Rio de Janeiro com Minas, muito linda, e Maria foi escolhida pois a primeira vez que se mexeu dentro de mim estava ouvindo Elis cantando Maria...Maria, e assim nasceu Maria Clara


Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta

Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que rí
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria...

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....

Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê
Hei! Hei! Hei! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!...

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria...

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho, sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida

Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê
Hei! Hei! Hei! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!...

Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant

Anjo Da Guarda


Quando ainda era um bebezinho, ouviamos juntas muitas músicas e uma delas é essa meu amor!!!

Escureceu, o sol baixou
Anjo da guarda cantarolou
Nana neném
Nana neném
Cacheadinho, anjinho é

De manhã sob o sol
Cada gota de orvalho
A secar, é suor
É suor de trabalho
Nana, neném
Nana, neném
Nana, neném

O estudante, o trabalhador
Sente deixar o cobertor
Pega a marmita
Ronca o motor
Leva a beleza
Que a vida é

De manhã sai da cama
Havaiana no pé
Apostila na mochila
E na Mão, o café
Nana, neném
Nana, neném
Nana, neném

Tribalistas
Composição: Marisa Monte, Arnaldo Antunes E Carlinhos Brown

Soneto XXV em português


Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda

Amazonas

Amazonas,
capital das sílabas da água,
pai patriarca, és
a eternidade secreta
das fecundações,
te caem os rios como aves, te cobrem
os pistilos cor de incêndio,
os grandes troncos mortos te povoam de pefume,
a lua não pode vigiar-te ou medir-te.
És carregado de esperma verde
como árvore nupcial, és prateado
pela primavera selvagem,
és avermelhado de madeiras,
azul entre a lua das pedras,
vestido de vapor ferruginoso,
lento como um caminho de planeta

Pablo Neruda

O Filho Que Eu Quero Ter


Em homenagem aos meus amigos Parma(André) e Myrna, pelo amor e dedicação que dedicam a minha filha, um amor incondicional

É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem


De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem


Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro bei..jo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus
Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer Ter.

Toquinho
Composição: Toquinho/ Vinicius de Moraes

ASSOMBROS




Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.

Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.

Affonso Romano de Sant'Anna (Lado Esquerdo do Meu Peito)

O Direito das Crianças



Maria Clara minha Flor com 3 anos

Toda criança do mundo
Deve ser bem protegida
Contra os rigores do tempo
Contra os rigores da vida.
Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.
Não é questão de querer
Nem questão de concordar
Os diretos das crianças
Todos tem de respeitar.
Tem direito à atenção
Direito de não ter medos
Direito a livros e a pão
Direito de ter brinquedos.
Mas criança também tem
O direito de sorrir.
Correr na beira do mar,
Ter lápis de colorir...
Ver uma estrela cadente,
Filme que tenha robô,
Ganhar um lindo presente,
Ouvir histórias do avô.
Descer do escorregador,
Fazer bolha de sabão,
Sorvete, se faz calor,
Brincar de adivinhação.
Morango com chantilly,
Ver mágico de cartola,
O canto do bem-te-vi,
Bola, bola,bola, bola!
Lamber fundo da panela
Ser tratada com afeição
Ser alegre e tagarela
Poder também dizer não!
Carrinho, jogos, bonecas,
Montar um jogo de armar,
Amarelinha, petecas,
E uma corda de pular.
Um passeio de canoa,
Pão lambuzado de mel,
Ficar um pouquinho à toa...
Contar estrelas no céu...
Ficar lendo revistinha,
Um amigo inteligente,
Pipa na ponta da linha,
Um bom dum cahorro-quente.
Festejar o aniversário,
Com bala, bolo e balão!
Brincar com muitos amigos,
Dar pulos no colchão.
Livros com muita figura,
Fazer viagem de trem,
Um pouquinho de aventura...
Alguém para querer bem...
Festinha de São João,
Com fogueira e com bombinha,
Pé-de-moleque e rojão,
Com quadrilha e bandeirinha.
Andar debaixo da chuva,
Ouvir música e dançar.
Ver carreiro de saúva,
Sentir o cheiro do mar.
Pisar descalça no barro,
Comer frutas no pomar,
Ver casa de joão-de-barro,
Noite de muito luar.
Ter tempo pra fazer nada,
Ter quem penteie os cabelos,
Ficar um tempo calada...
Falar pelos cotovelos.
E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.
Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito de ser feliz!

E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.
Uma caminha macia,
Uma canção de ninar,
Uma história bem bonita,
Então, dormir e sonhar...
Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito a ser feliz!

Ruth Rocha

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

AS BORBOLETAS



Um dos primeiros poemas recitado pela minha Filha Maria Clara com apenas 4 anos de idade para Tia Sol e Tia Lê
Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas

Borboletas brancas

São alegres e francas.


Borboletas azuis

Gostam muito de luz.


As amarelinhas

São tão bonitinhas!


E as pretas, então…

Oh, que escuridão!

(Vinícius de Moraes)

COLAR DE CAROLINA


Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.

(Cecília Meireles)

A PIPA E O VENTO


Aprumo a máquina,
dou linha à pipa
e ela sobe alto
pela força do vento.
O vento é feliz
porque leva a pipa,
a pipa é feliz
porque tem o vento.
Se tudo correr bem,
pipa e vento,
num lindo momento,
vão chegar ao céu.

(Cleonice Rainho)

A LAGARTIXA




A um só tempo indolente e inquieta, a lagartixa,

Uma réstia de sol buscando a que se aqueça,

À carícia da luz toda estremece e espicha

O pescoço, empinando a indecisa cabeça.

.

Ei-la aquecendo ao sol; mas de repente a bicha

Desatina a correr, sem que a rumo obedeça,

Rápida num rumor de folha que cochicha

Ao vento, pelo chão, numa floresta espessa.

.

Traça uma reta, e pára; e a cabeça abalando,

Olha aqui, olha ali; corre de novo em frente

E outra vez, pára, a erguer a cabeça, espreitando…

.

Mal um inseto vê, detém-se de repente,

Traiçoeira e sutil, os insetos caçando,

A bater, satisfeita, a papada pendente…

(Da Costa e Silva)

DAS PEDRAS


Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.

Cora Coralina

Autopsicografia


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

Lua Adversa


Tenho fases, como a Lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a Lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

Soneto de separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

de Vinícius de Moraes

Canção amiga


Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Carlos Drummond de Andrade

Ser Poeta


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram...choram....
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos....

Invoco o nosso amor sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!"

Florbela Espanca
"Passa beco, esquina, armadilha
denso medo no redemoinho
Mande o sério ir embora
chuva ou sol, mal e bem, ser ou não, tem vez
Seja fato, acaso ou pura cisma
o que vira amor sempre é bom
Não vá descuidar da sua vida
ela ainda tem o seu valor."
Temos que nos bastar.
Bastar-nos sempre e,
quando procurarmos estar com alguém,
fazer isso ciente de que estamos juntos porque gostamos,
porque queremos e nos sentimos bem,
mas nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se "precisam".
Elas se "completam".
Não por serem metades,
mas por serem pessoas inteiras,
dispostas a dividir objetivos comuns,
alegrias e vida.
"te procuro
nas coisas boas
em nenhuma
te encontro inteiro
em cada uma
te inauguro"
Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.
Cecília Meireles

A Tua Presença Morena

A tua presença
entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve o meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca, verde, vermelha, azul e amarela
A tua presença
É negra, negra, negra, negra, negra, negra,
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo o que se come, tudo o que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença
É a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena, morena, morena, morena
Morena

Composição: Caetano Veloso

domingo, 17 de janeiro de 2010

Era uma vez

O pintinho pia, pia,
pia, pia sem parar.
Quando sai pra passear
pia até não aguentar.
O irmão achou legal
e foi logo imitar
aí imitaram 2,3,
e logo já passou dos 6.
O gato escocês
comeu todos de uma vez
a festança que ele fez
nunca mais teve outra vez
e depois toda estas história
virou "era uma vez".

Lina Venturieri

O Livro

Eu sou um livro,
sou importante.
Tenho um trabalho
emocionante

É com palavras
que me sustento
e nelas levo
conhecimento.

Se alguém procura
o que fazer,
sou opção
de bom lazer.

Eu posso ser
muito engraçado,
deixar você
bem humorado.

Eu posso ser
seu professor
e lhe ensinar
com todo amor.

Eu posso ainda
ser seu amigo,
levar você
sempre comigo.

Eu só não posso
fazer careta
se me abandonam
numa gaveta.

Rosa Clement

O Banho do Urubu

O urubu não viu a chuva.
Numa dessas tarde cinza
ficou voando no céu
imitando um planador
até que a chuva caiu
e o urubu se molhou.

Ficou bastante ensopado
mas sendo um bom voador
voou para um velho tronco
suas asas esticou
parecia que media
o galho onde ele pousou.

Ficou lá um tempão
usando o sol secador
sempre muito elegante
em seu uniforme preto
secando bem suas penas
e ao ver comida voou.

Rosa Clement, © 2009

Ao Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.
Fernando Pessoa

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa

Chega de saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
Vinícius de Moraes
Se você quer ser minha namorada
Ai, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exactamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarzinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.
Vinícius de Moraes

Tomara

Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
Vinícius de Moraes

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes

Da Discrição

Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

Mario Quintana - Espelho Mágico

Bilhete

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

Mario Quintana

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

Do amoroso esquecimento

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana - Espelho Mágico
"te procuro
nas coisas boas
em nenhuma
te encontro inteiro
em cada uma
te inauguro"

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles